Com a migração para a educação à distância por conta do coronavírus, a segurança digital dos alunos se tornou uma questão ainda mais importante. Porém, nem todas as instituições estão garantindo essa proteção. É o caso da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que emprestou notebooks para estudantes realizarem as aulas. O que eles não sabiam é que os aparelhos tinham um software espião.
A denúncia foi feita pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSB, que alertou para a presença do programa KidLogger em mais de um notebook. Em vídeo, uma integrante do DCE explicou que o software foi encontrado por um aluno e sugeriu que, quem encontrasse o programa, registrasse um Boletim de Ocorrência e uma denúncia junto à ouvidoria da universidade.
O KidLogger é um software para pais acompanharem o que seus filhos estão fazendo na internet. Na versão gratuita, o programa promete registrar a atividade no PC por um período de nove dias, o que inclui gravar sons emitidos próximos ao microfone do dispositivo, além de armazenar dados como histórico de navegação, teclas digitadas, capturas de telas e programas mais usados.
Em seu site, o KeyLogger afirma que permite a vigilância remota de dispositivos e apresenta o que seria um painel para o monitoramento. O programa destaca que também é útil para empresas vigiarem a atividade de funcionários e anuncia que sua versão para Android consegue tirar fotos e enviá-las para terceiros sem o usuário saber.
O que diz a universidade
Após os relatos dos estudantes, a Pró-Reitoria de Tecnologia da Informação e Comunicação e a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas da UFSB afirmaram que estão cientes das denúncias e estão analisando o caso. Em nota, elas afirmaram ter realizado na quinta-feira (22) uma reunião com representação do DCE e alguns dos estudantes que relataram o problema.
“A Administração esclarece que respeita a privacidade de seus acadêmicos e que não adota nenhum mecanismo que fira esse direito. Os encaminhamentos imediatos são o recolhimento e análise de algumas das máquinas afetadas para investigar como esse aplicativo foi instalado, e para definir procedimento que garanta a salvaguarda de informações para os estudantes cujas máquinas apresentem esse problema e a desinstalação completa e segura do aplicativo de monitoramento”, indica a nota.
Nesta sexta-feira (23), a instituição abriu uma comissão de sindicância para investigar a situação. Ainda de acordo com o comunicado, os estudantes que disponibilizarem para análise os notebooks emprestados pela universidade terão outros aparelhos fornecidos por meio de empréstimo para seguirem participando das aulas à distância.