A chegada de Cristiano Ronaldo à Itália está gerando reações de todos os tipos, nem sempre positiva. Nesta quarta-feira, o sindicato dos trabalhadores da Fiat, uma das patrocinadoras da Juventus, anunciou que os funcionários entrarão em greve por dois dias devido à contratação do português.
– Não é aceitável que os trabalhadores continuem fazendo enormes sacrifícios econômicos, enquanto a companhia gasta milhões de euros num jogador. Dizem que os tempos estão difíceis, que precisamos recorrer a redes de segurança social, à espera do lançamento de novos modelos, que nunca chegam. E enquanto os trabalhadores e suas famílias apertam os cintos cada vez mais, a empresa decide investir muito dinheiro em um único recurso humano! Isso é justo? É normal que uma pessoa ganhe milhões, enquanto milhares de famílias não conseguem nem chegar ao meio do mês? – protesta o comunicado divulgado pelo sindicado.
A Velha Senhora desembolsará cerca de 100 milhões de euros para contar com o jogador. De acordo com o site italiano “Football-Italia”, parte desse valor será financiado pela empresa Exor, que pertence a montadora de veículos e a mesma família do dono da Juventus Massimiliano Agnelli. A família Agnelli é dona da Juventus, da Fiat e de outras empresas relacionadas ao ramo automobilístico.
Esta não é a primeira vez que a patrocinadora investe dinheiro nas negociações da Juventus com jogadores. O argentino Higuaín também foi contratado graças aos recursos da Fiat. Na semana passada, quando a contratação de Cristiano Ronaldo ainda era uma especulação, a agência italiana “Dire” já mostrava que haviam funcionários insatisfeitos com o gasto milionário feito pela multinacional.
- Depois de Higuaín (contratado junto ao Napoli em 2016, por 94,7 milhões de euros), também Cristiano Ronaldo? É uma vergonha. Os trabalhadores não recebem aumento há 10 anos. O salário de Cristiano poderia dar 200 euros (R$ 917) de aumento para todos os funcionários da empresa. Já perdemos 10,7% devido a inflação na última década, algo que nunca foi reposto. E a empresa gasta 126 milhões de euros por ano com patrocínios, sendo 26,5 milhões só para a Juventus – reclama Gerado Giannone, funcionário da empresa há 18 anos.
Em nota, o clube de Turim informou que o contrato com CR7 tem duração de quatro anos. A Juve desembolsou 100 milhões de euros, pagáveis em dois anos, mais o mecanismo de solidariedade prevista pelos regulamentos da Fifa e encargos acessórios de € 12 milhões para contar com o craque.
Valorização na bolsa
Antes da contratação de Cristiano Ronaldo, a direção da Juventus se reuniu com os patrocinadores para discutir se o negócio seria lucrativo. A Velha Senhora faz parte da bolsa de valores de Milão e vem tendo suas ações em alta desde que o interesse no craque português começou a ser especulado.
Segundo o jornal "A Bola", de Portugal, após a confirmação do negócio com CR7, as ações subiram mais de 5%, chegando a 5,7%, o maior valor no último ano. Desde que as especulações começaram, o valor dos títulos da Juve teve aumento de 37,7%. A contação atual é de 0,9 euros por ação.