Duas jovens cientistas do Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) de Medeiros Neto estão transformando resíduos da agroindústria em uma alternativa sustentável ao uso da lenha convencional. Rafaela Oliveira e Érica dos Santos, orientadas pelo professor Xisto França, desenvolveram um projeto inovador que utiliza o bagaço da cana-de-açúcar e a pectina da casca do maracujá na produção de briquetes – um tipo de biocombustível sólido, reciclável e ecológico.
Segundo estudos publicados pela Revista Científica Matéria, cerca de 69% de todos os resíduos gerados pela agroindústria vêm da produção da cana-de-açúcar. Observando a abundância desse material na região, o grupo enxergou a oportunidade de promover o reaproveitamento sustentável de um resíduo comumente descartado.
— O objetivo foi produzir um biocombustível sólido que fosse acessível, eficiente e ambientalmente correto — explicou o professor Xisto França, que reforça a importância de projetos como este no incentivo à pesquisa científica entre os estudantes. — Quando despertamos o interesse pela ciência, desenvolvemos habilidades práticas e teóricas com foco na inovação local — destaca.
Briquetes ecológicos com cola natural
A tecnologia desenvolvida pelas estudantes utiliza a pectina da casca do maracujá como aglutinante natural, funcionando como uma “cola” que une os bagaços da cana para formar os briquetes. O resultado é um produto com alto potencial energético, ideal para substituir a lenha tradicional em atividades como aquecimento de água, secagem de grãos e preparo de alimentos.
A inovação também apresenta benefícios econômicos para pequenos produtores da região. Segundo o professor Xisto, os briquetes podem reduzir os custos com energia térmica e ainda se transformar em uma fonte de renda alternativa. — Os produtores podem fabricar e comercializar essa lenha ecológica, agregando valor às suas atividades — explica.
Parcerias e futuro do projeto
O projeto, que conta com apoio da Secretaria da Educação da Bahia (SEC), está em fase de aprimoramento e mira uma futura expansão. Entre as metas está o desenvolvimento de novos métodos para a extração da pectina de forma mais eficiente. — Caso os resultados se confirmem, queremos criar ferramentas que aumentem a escala de produção dos briquetes — projeta o professor.
A iniciativa também conta com a parceria da Usina Santa Maria, fornecedora do bagaço da cana, e da pesquisadora Rafaela Oliveira, responsável pela obtenção da casca de maracujá.
Bahia Faz Ciência
O projeto integra os esforços do programa Bahia Faz Ciência, uma série de reportagens promovida pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) para valorizar a produção científica baiana. A série estreou em 8 de julho de 2019, no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, e destaca semanalmente ações inovadoras que impactam positivamente a sociedade. As matérias são publicadas no site e nas redes sociais da Secti.
Sugestões de pautas para o projeto podem ser enviadas ao e-mail: ascom@secti.ba.gov.br.