Com menos de dois dígitos de aprovação popular e sem os quatro elementos necessários para não sofrer um possível impeachment, a presidente Dilma Rousseff (PT) dará início a uma jornada pelo Nordeste na tentativa de criar uma agenda positiva que ajude a dar sustentação ao seu governo.
Nesta sexta-feira (17), os nove governadores da Região Nordeste, reunidos em Teresina, no Piauí, divulgaram um manifesto de apoio à líder nacional em que exigem respeito à Constituição Federal e declaram "incabível” eventual afastamento da mandatária brasileira do cargo.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Dilma vai começar pela Bahia, depois vai ao Ceará e no Piaú, três estados governados por petistas. Segundo um auxiliar da presidente, o ritmo será o de campanha, com divulgação de programas de governo. A ação será casada com viagens de Lula pela região.
Na opinião do cientista político pela Universidade de Oxford e professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV), Carlos Pereira, em entrevista à Epoca, a ruptura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o Palácio do Planalto foi o último dos quatro elementos necessários para o impeachment da petista.
Segundo o especialista, a crise econômica com políticas de ajuste que geram perdas no curto prazo; escândalo de corrupção com desgaste de sua popularidade; manifestações populares em massa; e perda de maioria do governo no legislativo; são os quatro elementos para que o impedimento de um presidente ocorra. "Nas últimas décadas, foi assim com o Equador, a Bolívia e o Paraguai”, afirmou. "Se o PMDB acompanhar a decisão de Cunha, configura-se a situação necessária para que um impeachment ocorra”, avaliou o acadêmico.