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Futebol solidário vira jogo político em Porto Seguro

Futebol solidário vira jogo político em Porto Seguro
Aos 45 minutos da realização do Futebol Solidário, no evento de cunho beneficente, no próximo sábado (24), em Porto Seguro, uma escalação de 11 condicionantes para a liberação do estádio municipal tem gerado uma disputa entre o propositor do evento, o deputado federal Uldurico Pinto (PTC), e a prefeita Claudia Oliveira (PSD).
 
 
 
Futebol solidário vira jogo político em Porto Seguro 
 
 

Em resposta à solicitação de uso do equipamento, a secretaria municipal de Esporte e Lazer enviou um ofício estabelecendo as condições para que a bola rolasse em campo com a presença de 15 deputados federais, entre eles Tiririca (PR), e do senador Romário (PSB). Entre as regras está a confecção de ingressos, que ficaria sob responsabilidade da prefeitura. O documento foi o pontapé para que ficasse evidenciada a rivalidade entre Uldurico, pré-candidato a prefeito de Porto Seguro, e Claudia, candidata à reeleição.

Em entrevista à rádio local 88 FM, nesta terça-feira (20), o deputado federal afirmou que a prefeita estaria preocupada com a vinda do senador, que é presidente da CPI do Futebol. O estádio teve a primeira etapa da reforma entregue três dias antes do início da Copa do Mundo 2014 e funcionou como centro de treinamento da Suíça. Um ano e quatro meses após o evento internacional, a reforma, que recebeu recursos de R$ 4,2 milhões dos governos federal e estadual, ainda não foi concluída.

"Querem controlar quem entra e quem sai do estádio seja pelo motivo de as obras não terem sido concluídas ou por inveja, um sentimento que não representa o evento. Isso (a não conclusão da reforma) pode despertar a atenção de Romário, com certeza. Se ela for pensar politicamente, é ruim para ela. Espero que a prefeita volte atrás”, disse Uldurico, em contato com a rádio.

"Tentei de todas as maneiras possíveis fazer um evento que fosse em consenso com a prefeitura, que é um órgão que deve ser respeitado e tem que ter representação no evento. Não faria briga política de forma alguma. Mas o entendimento do secretário de Esportes e da prefeita não foi esse. Triste saber que a prefeita não viabilizou”, complementou o deputado federal.

 

O ex-prefeito de Porto Seguro, Ubaldino Pinto, foi ainda mais enfático e supôs, em vídeo que circula nas redes sociais, que a prefeita desviou recursos da reforma do estádio. "Ou não quer que Romário esteja no estádio em que ela é acusada de desviar mais da metade dos recursos para a reforma, ou está com dor de cotovelo. Quer assumir como se fosse dela uma ação na qual não tem nenhum envolvimento”, disparou.

 

Por meio da assessoria de comunicação, a prefeita Claudia Oliveira informou que não se recusou em liberar o estádio para o evento beneficente, mas propôs o controle do acesso "para resguardar a segurança do público”. "A medida é para que não ocorra tumulto em frente ao estádio no dia do jogo. Estão fazendo politicagem em cima da festa”, disse, em resposta oficial.

Além disso, a gestora afirmou ter contribuído com estruturas da prefeitura para a realização do evento. "Cedemos equipe médica, logística de trânsito e até a guarda municipal, se for necessário. Não há porque alegar que estamos negando. É mentira e não existe inveja. Queremos que o evento seja realizado. Enquanto fazem politicagem, a prefeitura faz gestão”, avisou Claudia.

 

Reforma

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

O secretário de Esporte e Lazer, Enildo Rodrigues, reiterou ao site Bocão News, que não há resistência da prefeitura em ceder o estádio. "A capacidade máxima é de 1,5 mil pessoas. Ninguém está dificultando nada, apenas nos preocupamos com a segurança do povo. Por isso, propomos que confeccionaríamos ingressos que seriam trocados por alimentos não perecíveis”, alegou.

De acordo com Rodrigues, a prefeitura não recebeu recursos para a reforma do equipamento. A obra, segundo ele, ainda está pendente de reparos estruturantes como a ampliação da arquibancada, construção da cabine de imprensa, instalação do alambrado, elevação do muro e conclusão de parte do vestiário. "Apesar disso, a segurança do público não está em risco. Não veio recurso para a prefeitura e não temos nada a temer”, disse, em referência à presença do senador Romário.

Apesar de não ter executado a reforma, a prefeitura gerencia a realização de eventos no estádio. Questionado sobre o cronograma para a conclusão da reforma após mais de um ano da Copa, o secretário municipal de Obras, Marlus Brasileiro, jogou a responsabilidade para o governo estadual. "A minha pasta se mantinha como órgão fiscalizador. Com a extinção da Secopa, quem monitora os recursos é o Governo da Bahia. Vou procurar no Estado quem está responsável”, garantiu.

A reportagem procurou o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Álvaro Gomes, para comentar o assunto. Segundo ele, as atribuições da Secopa foram redirecionadas para Setre. "Sobre esse processo, especificamente, tenho que verificar em que situação se encontra para fornecer informações mais precisas”, pediu. A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder) também está verificando se a conclusão da obra está sob responsabilidade da empresa.

 

Procurado o senador Romário, mas até o fechamento da reportagem a assessoria do parlamentar ainda não havia respondido. De acordo com Uldurico Pinto, o prefeito de Eunápolis, Neto Guerrieri (PRTB), cedeu o Estádio Itamarzão para a realização do Futebol Solidário. "Estamos em contato com ele. É lamentável que tenhamos que mudar o local. Os deputados e o senador Romário não acreditaram que está ocorrendo este impasse. Estamos na luta para que seja em Porto Seguro. É um evento apartidário”, assegurou.

O local do jogo deve ser definido nesta quarta-feira, a três dias do evento. Os alimentos arrecadados serão doados a entidades que tratam de pacientes com câncer e dependentes químicos.

Por: MDD
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